Ofício Divino

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“Nada antepor ao Ofício Divino.” ( RB43,3 )


O monge vive para procurar a Deus. E o Ofício Divino é para Deus, para amá-lo de toda alma, todo o coração e todo o entendimento.

A oração pública e comunitária do povo de Deus é com razão considerada uma das principais funções da Igreja. Daí que, logo no princípio, os batizados «eram assíduos ao ensino dos Apóstolos, à união fraterna, à fração do pão e às orações» (At 2, 42). Da oração unânime da comunidade cristã nos dão repetidos testemunhos os Atos dos Apóstolos.1

Que também os fiéis se costumavam entregar à oração individual em determinadas horas do dia, provam-no igualmente os documentos da primitiva Igreja. Depois foi-se introduzindo muito cedo, aqui e além, o costume de consagrar à oração comunitária alguns tempos especiais, por exemplo, a última hora do dia, ao entardecer, no momento em que se acendiam as luzes, e a primeira hora da manhã, quando, ao despontar o astro do dia, a noite chega ao seu termo.

Com o decorrer dos tempos, foram-se ainda santificando pela oração comunitária outras horas, que os Padres viam insinuadas na leitura dos Atos dos Apóstolos. Assim, os Atos falam-nos dos discípulos reunidos [para a oração] à terceira hora; o Príncipe dos Apóstolos «sobe ao terraço da casa para orar, por volta da sexta hora» (10, 9); «Pedro ... e João sobem ao templo, para a oração da hora nona» (3, 1); «a meio da noite, Paulo e Silas, em oração, entoavam louvores a Deus» (16, 25).

Estas orações, feitas em comunidade, foram-se progressivamente organizando, até que vieram a constituir um ciclo horário bem definido. Esta Liturgia das Horas, ou Ofício Divino, embora enriquecida de leituras, é antes de mais oração de louvor e de súplica: oração da Igreja, com Cristo e a Cristo.

Cristo disse: «É preciso orar sempre, sem desfalecimento” (Lc 18,1). E a Igreja, seguindo fielmente esta recomendação, não cessa nunca de orar, ao mesmo tempo que nos exorta com estas palavras: «Por Ele (Jesus), ofereçamos continuamente a Deus o sacrifício de louvor» (Hebr 13,15). Este preceito é cumprido, não apenas com a celebração da Eucaristia, mas também por outras formas, de modo particular com a Liturgia das Horas. Segundo nos ensina a tradição a Liturgia das Horas santifica todo o dia e a noite, santifica também o homem, e presta-se culto a Deus.

Na Liturgia das Horas, a Igreja exerce a função sacerdotal da sua Cabeça, «oferecendo ininterruptamente a Deus o sacrifício de louvor, ou seja, o fruto dos lábios que glorificam o seu nome». Consequentemente, «todos os que assim rezam desempenham, por um lado, o ofício da própria Igreja, e, por outro, participam da excelsa honra da Esposa de Cristo, enquanto estão, em nome da Igreja, diante do trono de Deus, a cantar os divinos louvores ».

Cantando os louvores de Deus nas Horas canônicas, a Igreja associa-se àquele hino de louvor que por toda a eternidade é cantado na celeste morada. Ao mesmo tempo antegoza as delícias daquele celestial louvor que João nos descreve no Apocalipse e que ressoa ininterruptamente diante do trono de Deus e do Cordeiro. Mas, na Liturgia das Horas, a par do louvor divino, a Igreja expressa igualmente os votos e anseios de todos os cristãos; mais ainda: roga a Cristo e, por Ele, ao Pai pela salvação do mundo inteiro.

HORAS CANÔNICAS:

As Laudes destina-se a santificar o tempo da manhã; e, como se pode ver por muitos dos seus elementos, neste sentido estão estruturados. O seu caráter de oração da manhã está belamente expresso nestas palavras de S. Basílio Magno: «O louvor da manhã têm por fim consagrar a Deus os primeiros movimentos da nossa alma e do nosso espírito, de modo a nada empreendermos antes de nos alegrarmos com o pensamento de Deus, segundo o que está escrito: «Lembrei-me de Deus, e enchi-me de alegria» (Salmo 76,4); e ainda para que o corpo não se entregue ao trabalho antes de fazermos o que está escrito: «Eu Vos invoco, Senhor, pela manhã, e ouvis a minha voz: de manhã vou à vossa presença e espero confiado» (Salmo 5,4-5). Esta Hora, recitada ao despontar da luz de um novo dia, evoca também a Ressurreição do Senhor Jesus, a Luz verdadeira que ilumina todos os homens (cf. Jo 1,9), o «Sol de Justiça» (Mal 4,2), o «Sol nascente que vem do alto» (Lc 1,78). Neste sentido, compreende-se perfeitamente a recomendação de S. Cipriano: «Devemos orar logo de manhã para celebrar, na oração matinal, a Ressurreição do Senhor».

As Vésperas celebram-se à tarde, ao declinar do dia «a fim de agradecermos tudo quanto neste dia nos foi dado e ainda o bem que nós próprios tenhamos feito». Com esta oração, que fazemos subir «como incenso na presença do Senhor» e em que o «erguer das nossas mãos é como o sacrifício vespertino», recordamos também a obra da Redenção. E, «num sentido mais sagrado, pode ainda evocar aquele verdadeiro sacrifício vespertino que o nosso Salvador confiou aos Apóstolos na última Ceia, ao inaugurar os sacrossantos mistérios da Igreja, quer aquele sacrifício vespertino que, no dia seguinte, no fim dos tempos, Ele ofereceu ao Pai, erguendo as mãos para a salvação do mundo inteiro».

O Ofício das Leituras visa proporcionar ao povo, e muito especialmente àqueles que de modo peculiar estão consagrados ao Senhor, uma meditação mais rica da Sagrada Escritura e das mais belas páginas dos autores espirituais.

Terça, Sexta e Noa Segundo a mais antiga tradição, e a exemplo do que se fazia na Igreja Apostólica, costumavam os cristãos, por devoção privada, orar a certas horas do dia, mesmo no meio do trabalho. Com o decorrer dos tempos, esta tradição veio a revestir diversas formas de celebração litúrgica.

O uso litúrgico, tanto do Oriente como do Ocidente conservou a Oração das Nove, das Doze e das Quinze Horas, sobretudo por lhes andar ligada a memória de certos acontecimentos da Paixão do Senhor e da primeira propagação do Evangelho.

As Completas são a última oração do dia. Rezam-se antes de iniciar o descanso noturno, ainda que, eventualmente, já passe da meia-noite.

Trechos extraídos da Instrução Geral para a Liturgia das Horas (68;69;71)
Horas Canônicas 3;4;5;6;7
São Bento, o eterno no tempo, D. Lourenço de Almeida Prado, Edições Lumen Christi

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